2 de agosto de 2019

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (2) que não falou “nada de mais” sobre o pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz.

Em entrevista, ele disse que enviará ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), cópias das declarações em que criticou o militante de esquerda Fernando Santa Cruz, que desapareceu em 1974, durante a ditadura militar (1964-1985).

Nesta semana, Bolsonaro citou o pai do presidente da entidade para reclamar sobre a atuação da OAB na investigação do caso Adélio Bispo, autor de facada desferida contra o então candidato na campanha eleitoral.

O presidente disse saber como o pai de Santa Cruz desapareceu durante a ditadura, e que poderia explicar a ele se Santa Cruz quisesse.

“Mesmo eu não sendo obrigado [a prestar esclarecimentos], eu presto. Não falei nada demais. Eu vou entregar os vídeos, fazer a degravação e mandar”, afirmou Bolsonaro nesta sexta.

Barroso encaminhou uma interpelação a Bolsonaro para que ele esclareça “eventuais ambiguidades ou dubiedades” na crítica ao militante de esquerda, que integrava a APML (Ação Popular Marxista-Leninista).

“O que eu falei de mais para vocês? Me responda. O que tive conhecimento na época. Eu ofendi o pai dele? Não ofendi o pai dele”, disse o presidente.

Na última segunda-feira (29), Bolsonaro declarou: “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB? Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele.”

“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, continuou Bolsonaro.

Mais tarde, ainda na segunda-feira, o presidente remendou sua declaração, defendeu os militares e culpou a esquerda pela morte de Fernando Santa Cruz.

“Não foram os militares que mataram, não. Muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece”, disse o presidente, em transmissão ao vivo pela internet enquanto cortava o cabelo na sede do governo. “Até porque ninguém duvida, todo mundo tem certeza, que havia justiçamento. As pessoas da própria esquerda, quando desconfiavam de alguém, simplesmente executavam.”

Essa versão é desmentida por uma série de documentos do próprio regime militar, que nunca afirmou que Fernando um dos mais de 200 nomes que constam das listas de desaparecidos políticos foi morto por militantes esquerdistas.

O presidente lamentou nesta sexta todas as mortes ocorridas durante a ditadura militar, tanto na esquerda como na direita, e disse que nada disso teria ocorrido se não houvesse a “vontade de implantar o comunismo no Brasil”.

“É uma verdade. A verdade dói, machuca. Agora, eu lamento todas as mortes que tiveram dos dois lados”, disse.

Barroso deu um prazo de 15 dias para Bolsonaro responder à interpelação. A decisão atendeu a pedido de Felipe, que, de acordo com o despacho se sentiu pessoalmente ofendido e entendeu que houve crime de calúnia contra a memória de seu pai.

Fernando desapareceu em fevereiro de 1974, após ser preso por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, no Rio de Janeiro. Até hoje, sua morte é um mistério e seu corpo nunca foi encontrado.

Postado por Blog Cardoso Silva
Categorias: Brasil
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