12 de junho de 2022

A caça ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, tem um importante aliado em Natal. A capital utiliza um método inovador, que combina a tecnologia de baixo custo das ovitrampas, com um sistema de inteligência artificial. A ovitrampa é uma espécie de armadilha, que simula um ambiente propício de proliferação e captura os ovos colocados pelo mosquito transmissor. As informações são compiladas em um algoritmo do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), que ajuda a prevenir o surgimento de novos vetores de contaminação.

A medida é uma das principais ações do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Natal (CCZ/SMS), diz a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS), Vaneska Gadelha, porque combate o aedes aegypti antes mesmo dele nascer. “A gente só tinha um único norteador que era a vigilância epidemiológica, que vigia o adoecimento da população, e hoje Natal também tem a vigilância entomológica para guiar as ações de combate ao vetor. A ovitrampa é um monitoramento ‘padrão ouro’ para o Ministério da Saúde, e Natal vem desenvolvendo novas estratégias utilizando todo o potencial que a ovitrampa nos dá”, conta.

A ovitrampa é montada com um recipiente, uma palheta de madeira e um clipe de papel. O recipiente é preenchido com água e a palheta é fixada com o clipe na lateral do vasilhame. As armadilhas são deixadas em pontos estratégicos da cidade pelo período de uma semana. Após isso, os agentes fazem a retirada das ovitrampas e encaminham as palhetas, nas quais os ovos dos mosquitos transmissores ficam depositados, para análise laboratorial das equipes técnicas do CCZ. Os ovos são contados um a um e com esse dado em mãos, é possível identificar as áreas com a maior densidade de mosquitos fêmeas.

“É uma ferramenta para gente saber a situação em tempo oportuno, ainda no período do ovo, e direcionar outras ações de combate, por isso que é uma armadilha muito estratégica de controle. Elas colocam entre 200 e 150 ovos por postura, então eu tenho como dimensionar a quantidade de fêmeas naquela localidade. Se eu recolho uma armadilha com 400, 500, ou até 1.000 ovos, como a gente já conseguiu, eu sei que naquele local existem muitas fêmeas”, explica Márcia Cristina, chefe do Núcleo de Vigilância Entomológica do CCZ.

Ao todo Natal conta com 628 ovitrampas, colocadas a 300 metros de distância de uma para outra, nas quatro zonas da cidade. “Com isso, a gente consegue trabalhar bairro a bairro, de forma diferenciada e oportuna, para saber qual região tem uma densidade vetorial maior do que outra região”, comenta Vaneska Gadelha. O controle do mosquito via ovitrampa começou a ser testado ainda em 2014 e foi se aperfeiçoando ao longo dos anos. Neste ano, o projeto se modernizou e passou a contar com o auxílio do LAIS, que analisou as fontes de dados e desenvolveu um método.

“Esse é um trabalho original a nível de Brasil. O munício mantém essas armadilhas e eles observaram que quando há aumento dos ovos, há surto de dengue. Só que eles não conseguiam demonstrar isso cientificamente. Logo no início da pandemia, encontrei Alessandre [de Medeiros, ex-diretor do CCZ, falecido em 2021] e ele disse que queria que nós estudássemos o banco de dados do centro para demonstrar que a ovitrampa funcionava”, conta Ricardo Valentim, coordenador do LAIS.

A ideia de Alessandre era que, a partir da validação científica, o Município adotasse as armadilhas como modelo de combate ao aedes. “Nós pegamos o banco de dados deles, pegamos dados sobre os ovos, mosquitos, internações e casos de dengue que aconteceram em Natal por quatro anos”, comenta Valentim.

Tribuna do Norte

Postado por Blog Cardoso Silva
Categorias: RN, Saúde
FAO
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