Uma mão apontando uma arma de dentro de um carro para integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que faziam protesto no Centro de João Pessoa e a frase “Atiro?”. Essa foi a imagem compartilhada em um grupo de Whatsapp na terça-feira (10) pelo delegado da Polícia Civil da Paraíba Wallber Virgolino, que foi anunciado como secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte (Sejuc) no dia 30 de abril e nomeado em ato publicado no Diário Oficial do Rio Grande do Norte nesta quinta-feira (12). No entanto, o governo da Paraíba não publicou, até esta quinta-feira, ato liberando o delegado de suas funções para assumir o cargo no estado vizinho.
Além da fotografia o delegado complementa a informação com a legenda “Já estou agindo”, em referência a uma possível ação para acabar com o protesto. As postagens foram feitas às 7h17 de terça-feira, no grupo durante as manifestações contrárias ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, registradas em 21 estados, incluindo a Paraíba, e no Distrito Federal. Poucos minutos antes da publicação do delegado e secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, participantes do grupo publicaram fotos das manifestações registradas em João Pessoa e um link de uma reportagem sobre os protestos do MST nas rodovias paraibanas.
O grupo no qual a foto foi publicada pelo número do delegado e futuro secretário da Sejuc no Rio Grande do Norte é composto majoritariamente por policiais e profissionais da imprensa paraibana. A ferramente foi criada pelo próprio delegado para o compartilhamento de informações oficiais da polícia com a imprensa.
Em entrevista ao G1, Wallber Virgolino negou veementemente que fosse ele segurando a arma na fotografia, que a foto tivesse sido feita por ele ou que ao menos tivesse sido feita na sua presença. “Nem fui eu quem tirei a foto, nem a arma era minha, nem estava naquele local. O modelo da arma nem minha é, a minha é maior. Não tenho esse carro que aparece na imagem. A foto foi compartilhada em outros grupos e por outras pessoas no grupo. É uma foto que sempre é usada quando surge algum debate sobre o MST”, explicou o delegado, que assumiu, no entanto ter compartilhado a foto.