1 de julho de 2019

O deputado federal Tiririca, que atualmente está no PL (Partido Liberal). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

BRASÍLIA, DF – (FOLHAPRESS) – Um dos símbolos do movimento antissistema que elegeu Jair Bolsonaro, Tiririca (PL-SP) diz que o presidente da República repete o mesmo erro que ele cometeu ao chegar na Câmara em 2011 como o deputado federal mais votado do país.

O 1,35 milhão de votos o fazia se sentir “foda”, em suas palavras. “Quando chegar lá vou aprovar projeto pra caramba.”

Oito anos depois, e em seu terceiro mandato, Tiririca só teve um projeto que virou lei até hoje –ainda assim, de autoria dividida com outros 62 deputados (o que cria o Programa de Cultura do Trabalhador).

“Quando eu cheguei aqui foi um choque”, diz o deputado, para quem Bolsonaro está com a mesma “pegada”.

“Tá faltando a galera pra chegar e dizer: ‘Irmão, senta aqui. Cara, tu não é deputado. É o país, irmão. Assim não vai. É assim, assim e assim…’ Se ele não sair do pedestal, ele vai ser o pior governo que já tivemos em todos os tempos.”

PERGUNTA – Qual diferença o sr. vê entre esse governo e os anteriores, na relação com o Congresso?

TIRIRICA – Você viu como nosso presidente foi eleito, né? Ele veio com um discurso de política nova e tá caindo na mesma coisa. Porque não existe política nova nem política velha, a política é a política.

Então, é assim: ele entrou com esses negócios das armas, porque foi eleito também por esse motivo, e já recuou [diante da pressão do Congresso, alterou decretos de flexibilização do uso das armas]. Por que? Porque tá vendo que o caminho não é por aí. Aqui é o Parlamento.

P – O sr. acha então que ele está caminhando para a mesma relação de antes com o Congresso?

TIRIRICA – Ele veio com um discurso, foi eleito com um discurso, já está mudando o discurso, é isso que eu vejo. Por que? A vida da gente é uma política. Então tem que ter diálogo. Eu sou comediante, aí dizem: mas a comédia lá de trás é diferente da de hoje. É a mesma coisa, só adaptou, só tem uma linguagem diferente.

Antigamente era “paquera”. Hoje é “ficar”, é “crush”, é essa pegada aí. Ele chegou com um discurso bacana, bonito, mas não rola assim, papai. Eu tô no meu terceiro mandato. Eu vim numa brincadeira. Eu tava mal das pernas e eu disse: se eu fizer isso, eleito eu não vou ser, mas pelo menos vou divulgar e vou vender show pra caramba! Eu vim nessa pegada. Quando vi, um milhão e trezentos e cinquenta mil votos.

Eu disse, “epa, o que é isso?” Parei, nããão, não posso brincar com uma pegada dessa. Aí disse: quando chegar lá vou aprovar projeto pra caramba. Eu pensei que era assim. Quando eu cheguei aqui, foi um choque. Ele se sentiu nessa pegada. “Sou presidente e eu posso tudo.” E não é assim.

P – Quanto tempo você levou para “cair na real”?

TIRIRICA – Eu passei três meses nessa pegada, quase entro em depressão, fiquei tomando remédio, fui na coisa de médico que tem aqui. E aí, eu, “pá”: eu vou brigar pra quê? Eu vou fazer o meu. Eu sou pago pra quê? Apresentar projeto, votar de acordo com o povo, porque foi o povo que me colocou aqui. Isso sou eu. Quando eu cheguei aqui, eu era, sabe, tipo, “eu sou foda e tal”.

E [hoje] todo mundo me respeita numa boa. To cagando e andando pra quem faz discurso lá [aponta a tribuna –a entrevista ocorreu no fundo do plenário da Câmara], eu não vou. Enganar eu sei, enganar o povo eu sei. Eu vou vou enganar o povo? Se eu vim do povo, eu sei o que o povo passa.

Eu vou fazer o meu. Aprovar projeto não depende de mim, depende do toma lá dá cá, que não é negócio de dinheiro, é: tu apoia o meu projeto que eu apoio o teu, é assim que funciona aqui

P – E as emendas, cargos?

TIRIRICA – As emendas, não, eu não trabalho em cima disso não.

P – O sr. acha que está voltando à mesma situação?

TIRIRICA – Se não tá voltando, tem que voltar, senão vai ser o pior governo que já passou pelo nosso país. [a assessora interrompe: “Diálogo, ele acha que tem que ter diálogo”] Diálogo, é isso que tem que ter.

Não é que eu sou o cara. Eu não sou o cara. Ninguém é o cara, irmão. Não é ele chegar e dizer, “Quero isso… Derrubaram [o Senado rejeitou o decreto das armas], aí ele teve que voltar atrás. A galera não gosta do cara que quer ser ditador. A política não é de agora. A nossa vida é uma política. Sou casado há 22 anos. Para você segurar um casamento de 22 anos, meu irmão, tu tem que ser político. “Não, cê tá certa, realmente essa mesa nesse canto vai ficar legal.”

Postado por Blog Cardoso Silva
Categorias: Brasil, Politica
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